Buscando outros olhares sobre um tema, de certa forma polêmico, desejo levar aos colegas um comentário sobre um texto que o professor Simão nos passou na disciplina passada.
Nicholas Carr, um jornalista estadunidense (aceitando a colocação do prof. Simão) que escreve sobre tecnologia, negócios e cultura, publicou em seu blog um artigo instigante: ‘The amorality of Web 2.0’, onde ele manifesta, de certo forma ousada, até no título –a imoralidade da web 2.0-, a sua contrariedade com relação ao que acontece (na sua visão) no ambiente web 2.0, onde ele até define como sendo ‘o culto ao amadorismo’.
Em um trecho do seu artigo ele diz:“Participação, coletivismo, comunidades virtuais... coisas boas para serem encorajadas, aplaudidas... mas, é realmente assim? Vejam a Wikipédia. Ela é uma enciclopédia aberta. Qualquer um que queira contribuir, pode adicionar uma entrada ou alterar uma existente. Na teoria, uma coisa boa, na realidade, não é boa em tudo. Eu não dependeria dela como uma fonte, e eu certamente não a recomendaria a um estudante que escreve um papel de pesquisa.”
O que Nicholas Carr está afirmando é que o conteúdo da enciclopédia eletrônica on-line Wikipédia é aberto a qualquer uma pessoa no planeta, tornando possível que se crie um texto sobre alguma coisa desejada (por exemplo você pode criar um artigo sobre a rua onde você mora) ou até mesmo que se crie um texto complementar a um outro artigo já existente (por exemplo você pode acrescentar algo em um artigo existente na Wikipédia sobre o seu bairro).
Na opinião de Nicholas tem o lado bom do ‘trabalho’ cooperativo, participativo de diversas pessoas na grande comunidade Internet, entretanto ele coloca em dúvida a credibilidade daquilo que está sendo escrito nos artigos da Wikipédia. Como ele afirma, qualquer um pode escrever o que bem entender sobre qualquer coisa.A crítica de Nicholas Carr está centrada em que, sendo a Web 2.0 um ‘veículo’ de criação em massa, onde qualquer um pode ‘despejar’ as suas idéias, as suas crenças, propicia que qualquer um outro que venha acessar qualquer um desses conteúdos possa somar, adicionar, fatos incompletos, incorretos ou irreais, podendo vir a ser textos com o propósito de subverter opiniões, idéias e pensamentos.
Na minha opinião, penso que, quando pratico um dos meus ‘esportes favoritos’ (vasculhar os livros em uma livraria), me envolvo pelo prazer de saber de seus conteúdos; pelo gosto e curiosidade de saber quem escreve sobre o que. Apenas folheando livros. Quando, por alguma razão qualquer um dos livros me atrai, me seduz, e me sinto impelido a comprá-lo, me sinto também desejoso por saber ‘quem é o autor’ e ‘qual é a editora’. Muitos livros existem sobre o tema ‘Internet na educação’, muitos, mas qual desses livros tem conteúdo? Me baseio então no autor, na editora.
Acredito que com boa parte das pessoas é assim também.Quando estamos em uma festa, cheia de gente, naturalmente procuramos as pessoas que conhecemos para conversar, trocar idéias. Naturalmente também conhecemos pessoas novas, de idéias e pensamentos novos e interessantes. ‘O filtro’ está com cada um de nós. Podemos até ouvir de tudo, mas...
Então, com relação ao artigo do Nicholas Carr, penso que ele ‘exagerou’ na dose, principalmente no título, um pouco forte demais para o que ele desejava manifestar. Interessante o conteúdo, é válido para uma reflexão do uso adequado da ferramenta (principalmente no nosso propósito pedagógico) mas, como manifestei no parágrafo anterior, creio que ‘o filtro’ está com cada um de nós.
Bem, caros colegas, leiam o artigo do jornalista no link abaixo. Depois, manifestam a opinião de vocês e critiquem a minha opinião. Desejo muito confrontar idéias.
Um grande abraço.
Jorge Dantas
CARR, Nicholas. The amorality of web 2.0. Disponível em:
http://www.roughtype.com/archives/2005/10/the_amorality_o.php