Interação e Colaboração: a difícil realidade em ambientes virtuaisProf. Marco Silva & Profª Rosemary Soffner
A segunda parte do painel foi ministrada pelo professor Marco Silva.
Interação e colaboração: Compartilhar inquietações.
O professor Marco Silva nos apresentou um slide que tinha a figura de uma televisão e de um computador, e nos disse: "O professor precisa transitar do tempo da TV para o tempo do computador".
Na TV, nos resta ligar e desligar uma tela bidirecional que irradia a informação. A informação chega direta da origem para o destino. No computador, além da bidirecionalidade da tela, podemos perceber a tridimensionalidade na “profundidade” através dos limites da operatividade, da interatividade das mãos no teclado ou no mouse.
No computador, na cibercultura, o emissor não emite mais no sentido que se entende habitualmente, uma mensagem fechada. Oferece sim, um leque de elementos e possibilidades para a manipulação do receptor.
A mensagem não é mais “emitida”, não é mais um mundo fechado, paralisado, imutável, intocável, sagrado. É um mundo aberto, modificável, na medida em que responde as solicitações daquele que faz a consulta. O receptor não está mais em posição de recepção clássica. É convidado a uma “co-criação”. E ai, então, a mensagem ganha sentido sob sua intervenção.
Na formação do professor, então, para o ambiente digital, é preciso pensar nisso. O “estar junto” on-line. É preciso acreditar que isso é possível.
Uma idéia interessante que o professor Marco Silva nos fez refletir. “A ferramenta é uma extensão do autor (um martelo, uma tesoura... é a extensão do seu braço). A interface é o ambiente onde as faces se encontram”. Então, um software qualquer não é uma ferramenta e sim uma interface.
Uma outra reflexão nos propôs o professor Marco Silva com relação a conceitos:
EAD, é sim ensino a distância. Ninguém se encontra. Ensino através de correspondência; Ensino através da televisão... No Ensino on-line temos possibilidades de “interfaces”, temos possibilidades de presença virtual. Não é jogar fora o conceito de EAD, mas é valorizar a interação on-line.
Uma outra chamada do prof. Marco Silva nos faz refletir sobre o seguinte assunto:
“O professor bocão e o aluno orelhão”. Um só fala. Blá, blá, blá... o outro, só escuta. Blá, blá, blá...
Mesmo o “professor show-man” (microfones, piruetas e acrobacias) pratica a apresentação para recepção.
Estamos enraizados nesse modelo. Precisamos agregar novos modelos a docência baseada no falar/ditar.
E atenção: a geração “lan house” está cada vez mais migrando da “tela de TV” para a tela do computador. Lá tem interatividade.
Marco Silva lembrou-nos também de 3 pensadores: Paulo Freire, Pierre Levy e Martím-Barbero.
De Paulo Freire nos trouxe:
“a educação autentica não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B”.
Ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou construção.
De Pierre Levy nos trouxe:
“a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falar/ditar do mestre”.
(mas não é assim, tirando o tronco do naufrago de forma abrupta... é preciso cuidado... carinho.)
De Martim-Barbero nos trouxe:
“os professores só sabem raciocinar na transmissão linear, separando emissão e recepção”.
Pedagogia do Parangolé (abaixo tem um post da Raquel sobre esse tema).
Reatividade não é participação. Participar não é repetir sim ou não, é modificar. Comunicação pressupõe emissão e recepção. Os dois pólos codificam e decodificam. O emissor disponibiliza a possibilidade de múltiplas redes articulatórias, com novas significações.
Interatividade não é um conceito de informática, é de comunicação.
Bem, mais uma vez, foi o que consegui anotar para passar para vocês. Se algum outro colega que tenha participado lembrar de algo mais, por favor, colabore.
[]s
Jorge
terça-feira, 3 de junho de 2008
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Um comentário:
Jorge,
Realmente, as contribuições do Prof. Marco Silva são de grande valia para nossa formação e aprofundamento no assunto da Educação e o Ciberespaço.
Abraços,
Raquel
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